O estudo do Observa Infância analisou taxas de internação por região e revelou uma tendência de queda até 2016. Entre 2016 e 2019, os dados variaram para mais ou menos, de acordo com a região. Em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, as internações tiveram queda média de 340%. Já os anos seguintes foram de aumentos constantes, até alcançar o recorde da série histórica, em 2023.
Analisando individualmente as regiões, observou-se que o Sul e o Centro-Oeste foram as regiões que apresentaram as maiores taxas de internação no último ano. O frio intenso e as queimadas associadas ao clima seco, respectivamente, contribuem para deixar o sistema respiratório das crianças mais vulneráveis.
Para o pesquisador Cristiano Boccolini, coordenador do Observa Infância, as mudanças climáticas e a baixa cobertura vacinal infantil são as principais hipóteses para o aumento das internações. “A redução na vacinação contra doenças respiratórias, possivelmente devido à pandemia de Covid-19, e as condições climáticas extremas podem ter contribuído para a vulnerabilidade dos bebês a infecções respiratórias graves. Por isso, é fundamental manter a caderneta de vacinação de bebês e crianças atualizada. Lembrando que também é importante que as gestantes estejam com as vacinas em dia, já que as mães garantem os anticorpos dos bebês nos primeiros meses de vida”, explica.
Boccolini reforça, ainda, que a vacina VSR (vírus sincicial respiratório), já aprovada pela Anvisa, seja incorporada pelo calendário do SUS. Os dados de internação utilizados no estudo foram obtidos no Sistema de Internações Hospitalares do SUS e os dados de nascimento foram extraídos do Sistema Nacional de Nascidos Vivos entre os anos de 2008 e 2023.
O Observa Infância
O Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) é uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade dados e informações sobre a saúde de crianças de até 5 anos. O objetivo é ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre dados obtidos junto aos sistemas nacionais de informação. As evidências científicas trabalhadas são resultado de investigações desenvolvidas pelos pesquisadores Patrícia e Cristiano Boccolini no âmbito do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.
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